
Antes vivíamos espontaneamente, com a sensação de ter todo o tempo do mundo. Amanhã era apenas um prolongamento lógico do dia de hoje. Os sonhos não tinham presa. A vida semelhava-se à linha do horizonte, sem um fim aparente. Tal vez nessa ideia ilusória tenhamos perdido tempo, o necessário para concretizar os nossos sonhos, talvez tivéssemos que ter sido mais calculistas e pragmáticos. Hoje a realidade mudou e cada manhã o espelho lembra-nos o passo dos anos; o inevitável caminho para um fim para o qual não estamos preparados. Agora os sonhos ficam impacientes, o receio de perde-los, por vezes, impõem-se à própria vivência. Gastamos energia e emoções em substituir uns sonhos por outros, tentando convencer à nossa alma de que essa é uma opção igualmente satisfatória. Viver transforma-se num comboio de alta velocidade, em que o que interessa é chegar a horas às paragens mais importantes. Perdemos assim, os recantos inexplorados, os locais imaginários, a aventura de viver um rio de vida.
Mas amanhã é outro dia, e todos sorrimos, não nos conhecemos, apenas partilhamos sorrisos sociais que escondem o nosso sofrimento. Dentro deste jogo social, vamos ficando cada vez mais vazios. As vezes sentimo-nos como simples transportadores de um corpo que assumiu demasiadas responsabilidades sociais. E é um esforço levar esse corpo para mais um dia no local de trabalho, mais uns encontros sociais, mais uma mudança de clima que não estava nas previsões…
Agora estamos presos ao nosso comboio, aos nossos sonhos e aos desejos dos outros.
Mas sorrimos, que ninguém suspeite a nossa angustia de viver.
Mas amanhã é outro dia, e todos sorrimos, não nos conhecemos, apenas partilhamos sorrisos sociais que escondem o nosso sofrimento. Dentro deste jogo social, vamos ficando cada vez mais vazios. As vezes sentimo-nos como simples transportadores de um corpo que assumiu demasiadas responsabilidades sociais. E é um esforço levar esse corpo para mais um dia no local de trabalho, mais uns encontros sociais, mais uma mudança de clima que não estava nas previsões…
Agora estamos presos ao nosso comboio, aos nossos sonhos e aos desejos dos outros.
Mas sorrimos, que ninguém suspeite a nossa angustia de viver.